- Nada!
- Um carro?
- Não.
- Um caminhão?
- Podemos arrumar...
- Recursos financeiros?
- Temos que correr atrás...
Aquilo desmoronou qualquer esperança da turma. Lembro disso porque quem, depois, pôde acompanhar o trabalho do Ortiz nos três anos seguintes como secretário viu que muito foi feito. A conclusão do Centro Municipal de Cultura já foi uma grande realização. Tenho minhas resistências quanto à localização, mas, que diabos, pelo menos está funcionando.
Departamento
Esta semana me confidenciaram que existe a possibilidade de nossa Cultura dar um passo atrás e voltar a funcionar como um departamento da Secretaria de Educação. E até justificaram que a irmã rica da administração municipal tem mais condições de tocar alguns projetos culturais. O próprio segmento do Turismo não está na pasta da Cultura (quem responde pelo Turismo é a Secretaria de Desenvolvimento), tornando esta pasta muito frágil. Não se surpreendam então se isso vier a acontecer.
Fundações
Eu particularmente também não concordo com uma secretaria de cultura, nos moldes atuais. Sou a favor da criação de uma fundação cultural para cuidar destes assuntos e explico. Hoje fica muito difícil desenvolver projetos culturais sem o apoio da iniciativa privada. A cultura não é um gênero de primeira necessidade, as administrações públicas não têm interesse em despejar recursos na quantidade necessária para a Cultura. E que opção resta aos gestores? Buscar recursos com empresas que têm boa vontade e consideram a Cultura um bom investimento. Mas aí, se a Secretaria de Cultura não tem uma conta para receber estes recursos e ainda fica atrelada pela burocracia oficial, fica muito difícil que estes recursos cheguem a quem realmente interessa, ou seja, às pessoas que fazem cultura.
Uma fundação teria a liberdade e o trânsito para cuidar destas questões de maneira mais direta, administrando diretamente os recursos. Haveria mais identidade com o setor e mais flexibilidade na hora de firmar convênios e parcerias, sem contar que não teria (supostamente) a influência política.
Outras cidades já optaram por este modelo, uma delas é a nossa vizinha Gravataí que criou há pouco mais de dez anos a Fundarc e lá, as coisas parecem correr bem.
Ampliemos o debate
Sei que esta opção não deve ser tomada da noite pro dia. Mas devemos começar logo esta discussão. O modelo que hoje nos é apresentado não serve. Uma secretaria tem que ter mais força ou naturalmente vai acabar mesmo tornando-se um departamento e isso nós não podemos admitir. Eu particularmente acredito no modelo de uma entidade com mais autonomia e levanto esta bandeira. Mas admito que temos muito ainda para discutir.
Coluna publicada em 28 de junho de 2008.
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