Coluna publicada originalmente em 15 de setembro de 2007.
sábado, 8 de agosto de 2009
Viamonismo
A primeira vez que tive um contato mais próximo com a história viamonense foi quando cursava a oitava série no Walter Jobim e fomos entrevistar a viúva de Victor Américo Cabral, para um trabalho sobre Viamão. Ele tinha escrito, em 1976, um livro que contava um pouco da história de nossa cidade e até ganhei um exemplar, que se perdeu no meio das infindáveis pesquisas universitárias de minha irmã, no curso de História. Confesso que não me recordo de toda a obra, mas na sua essência, o que interessa é que naquela época, com 13 anos, eu descobri que nossa cidade tinha muito mais que uma lenda sobre a visão de cinco rios que deram nome ao município ou uma trincheira no Tarumã, palco de heróicas batalhas. Ali, e depois, em outras obras e conversas, pois muitas histórias têm se perdido por agrafismo, comecei a perceber que temos uma rica cultura e um rastro genealógico a seguir. Em resumo: nossa história tem que ser contada. Aí você dirá que já estamos fazendo isso. Os tradicionalistas e nativistas têm se preocupado em manter acessa a chama da cultura gaúcha. E agora o Poder Público também está mobilizado recolhendo registros de nossa cultura, de nossa gente e seus hábitos. Com todo o respeito, nativismo e tradicionalismo, com a melhor das boas vontades, na verdade pasteurizam algumas idéias e colocam tudo no mesmo saco. Fazem parecer que o gaúcho daqui é igual ao gaúcho de lá. E mais do que reunir depoimentos, precisamos forjar uma mentalidade viamonense. Temos a obrigação de fundar uma nova idéia. Temos que fundar o Viamonismo! Neologismos à parte, o que interessa é a raiz da palavra e do ideal: Viamão. Talvez você não saiba, mas você mesmo pode já estar participando deste movimento. Toda a vez que uma notícia é veiculada nos grandes centros, sobre Viamão, vai dizer que você não fica indignado com a falta de informação que muitas vezes estas matérias deixam transparecer? Quer um exemplo? Nosso garoto prodígio da música viamonense, Lucas Lima, quando esteve em entrevista no Programa do Jô, em rede nacional, deixou a impressão que Viamão é só mais um lugar ao lado de Porto Alegre. Não foi culpa dele. Longe disso. A culpa é da pouca importância que damos a algumas questões que são relevantes para a formação da auto-estima de nossa gente. Se o menino Lucas estivesse engajado no Viamonismo, saberia que nossa cidade tem uma bela história pra contar e se orgulharia dela. Algumas pessoas sem querer já estão fazendo parte deste movimento. São “viamonistas” porque, todos os dias, fazem alguma coisa pelo movimento. Meus amigos, Paulo Lilja e Silvio Monteiro são exemplos disso. O Sílvio, com seus sítios na rede mundial de computadores, de alguma forma está contribuindo para criar a discussão sobre nossa condição. E o Lilja, que durante anos juntou informação sobre a terra, agora transmite toda esta bagagem em palestras nas escolas. Aliás, tem uma frase do Paulo que sintetiza essa nossa vontade e necessidade de engrossarmos as fileiras deste novo movimento: “Viamão é a estrela e Porto Alegre é o buraco negro que suga a nossa luz. Temos que virar as costas pra este abismo e olharmos com mais carinho para as nossas realizações”. Afinal de contas, a história mais bonita nem sempre é a mais interessante, mas sim a melhor contada. E a nossa é muito mais interessante. Só precisamos aprender a contá-la. Viamonistas uni-vos! Nada tens a temer!
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Um comentário:
Primeiramente quero te parabenizar quanto a sua coluna no jornal Diário de Viamão em 8/9 de agosto de 2009.
Muitas de suas palavras são inquietações minhas. Não foram poucas as vezes que fui chamada de "louca" por gostar de morar em Viamão e também por seu uma pessoa que busca a melhoria de seu município e de seus municípes.
Sou formanda do curso de Turismo da PUCRS e desde o início do curso que coloquei na cabeça que assim que me formasse queria trabalhar para desenvolver o minha terra.
Tive a oportunidade de falar com alguns moradores sobre o que eles conhecem da história e dos atrativos de Viamão, como já havia previsto, boa parte destes não conheciam praticamente nada, e, quando comecei a falar sobre algumas características percebi que o brilho de seus olhos ficavam mais vivos.
Também pude perceber uma grande revolta dos empreendedores locais com o nosso poder público.Para finalizar, fiz um estágio no Departamento de Turismo da Prefeitura, no qual consegui entender as razões para essas insatisfações dos empreendedores.
Com essas experiências consegui entender um pouco mais sobre como se forma a identidade de nossos cidadãos e o porque de algumas pessoas rejeitarem a sua verdadeira raiz.
Apesar de todos os possíveis problemas, ainda sim, tenho ORGULHO EM SER MORADORA DE VIAMÃO E DE SER MAIS UMA ADEPTA DO VIAMONISMO, portanto, "companheiro" (sem nenhuma alusão partidária) podes me colocar em sua lista e contar comigo para sensibilizarmos os moradores dessa terra tão importante e linda que tivemos o privilégio de nascer e morar.
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