O mundo todo já sabe que a culpa desta crise sem precedentes é de uma cambada que se diverte com as bolsas mundiais como quem vai para uma máquina caça-níqueis em um cassino, mas que diabos, quem vai pagar este pato são o trabalhadores que sempre têm que dar a sua contribuição para que o capitalismo não sucumba. Marx a esta altura deve estar se divertindo vendo os países capitalistas tendo que assumir uma postura protetora, estatizando, mesmo que temporariamente muitos dos símbolos de riqueza e prosperidade do modelo capitalista. Comunismo às avessas?
Roda-gigante
Aqui no Brasil nosso presidente tentou a todo custo passar a idéia de que todo este tsunami iria chegar com pinta de marolinha. Tirando um ou outro setor que depende da relação internacional de comércio, tudo vai seguir como na piada do vivente que tomou calmante ao invés de remédio para a diarréia: ficou calmo. Cagado, mas muito calmo. Nossa indústria automobilística, por exemplo, não tem do que se queixar (quem se queixam são os presidentes das multinacionais, mas é principalmente porque eles estão socorrendo os seus irmãos nos mercados que realmente foram à banca rota) e parece que fecharam fevereiro com muito mais negócios que há um ano atrás, quando estávamos na ascendente. O negócio é produzir para o mercado interno então!
Roda Moinho
E aqui em Viamão, o maior empregador do município, a Prefeitura, esta semana anunciou que vai apertar mais ainda o cinto. Reflexo da crise mundial assolando as plagas viamonenses. E este anúncio, podem acreditar, vai ser um arrasa quarteirão, para ser mais exato, nos quarteirões que circundam o poder executivo municipal. Porque o comércio do Centro vive quase que exclusivamente do fôlego financeiro dos funcionários da prefeitura. Se a prefeitura começa a dar sinais de que a coisa vai ficar feia, imediatamente vai fazer com que seus servidores comprem com mais cautela (ninguém sabe se os pagamentos vão ser honrados) e comprando com mais cautela vai fazer com que os empresários também invistam com certo receio de que possam quebrar a cara.
Roda pião
E isso vai lomba abaixo, até que a crise chegue no vendedor de pipocas da pracinha. Até esta semana eu ainda acreditava que nossa dimensão no cenário mundial iria trazer poucos transtornos para os habitantes da terrinha, mas depois das declarações dos comandantes do Poder Executivo começo a ficar preocupado. Porque não temos um plano de longo prazo que atraia investidores. Não temos grandes investimentos sejam eles de caráter privado ou do poder público. Não temos nem perspectiva de tê-los nos próximos anos pois falta planejamento para a nossa cidade. E isso é que nos faz frágeis diante das crises. Como brincou este dias um amigo: não vamos sofrer com a crise do setor automotivo porque não temos montadoras aqui, que sofra Gravataí, então. Pois é. Não temos com o que nos preocuparmos.
Coluna publicada em 07 de março de 2009.
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