domingo, 7 de setembro de 2008

Longe demais

O Rogério Maduré é um grande amigo. Daqueles que se pode gastar algumas horas de boa conversa sobre qualquer assunto. Mas foi morar longe, por motivos profissionais, em Cocal do Sul, Santa Catarina. Está estudando lá, se especializando ainda mais na sua área de atuação: as artes plásticas. Mas quando vem visitar a família, volta e meia o agarramos pelo braço para um bom bate-papo. Na semana passada ele esteve aqui por Viamão e conversou comigo e o Lilja lá no Identidade Viamonense, na Santa Isabel FM.
Pra variar: Viamão
Entre os assuntos que rolaram, não dava pra escapar de um: Viamão! O Rogério trazia seus encantamentos com a vida em cidades menores e outras nem tão pequenas assim e chegamos (mais uma vez) a triste constatação de que Viamão na verdade é refém desta intimidade com Porto Alegre. O Rogério lembrou que cidades com quinze, vinte mil habitantes promovem festas e eventos municipais que trazem quase cem mil visitantes! Quatro ou cinco vezes a sua população. Enquanto isso os eventos viamonenses só conseguem mobilizar três a quatro por cento da nossa população. Só o carnaval e os desfiles cívicos (tragam o desfile de Sete de Setembro de volta pra Santa Isabel – peloamordedeus!) conseguem reunir mais de vinte mil pessoas, o que pra nós já é um grande feito.
Super oferta na região
Temos que concordar que a nossa região oferece muitas atrações durante o ano e isso acaba diminuindo as intenções locais. Mas é bem verdade que nós não conseguimos ainda mudar a mentalidade de alguns organizadores locais de que uma grande atração nacional pode reverter este quadro. E uma grande atração, com a publicidade que pode trazer agregada se paga sozinha e dá credibilidade a qualquer evento.
Autonomia cultural
Na verdade o que constatamos é que não temos autonomia cultural, como bem lembrou o Rogério Maduré. Não olhamos para nossa cidade. Nosso olhar é míope, pois olhamos para Viamão com as lentes de Porto Alegre. Quer um exemplo? Diariamente acontecem crimes em nossa cidade. Muitos até bem próximos de nós, pra não dizer que acontecem na nossa célula familiar. Mas a sociedade se indigna? Se mobiliza? Não! Mas basta que a mídia porto alegrense mostre os fatos para todo o Rio Grande e o Paulo Sant’Anna faça uma frase falando da nossa triste condição que as vozes de multiplicam. Alguns defendendo a cidade, como a comunicação da Prefeitura Municipal. Pra quê? Mudem a condição incentivando espaços para a discussão da realidade viamonense aqui. Pratiquem e incentivem nossa autonomia. Cobrem dos nossos jornais locais, mais espaço para o debate, para a vida inteligente de nosso município, se é que ela existe.
Afastamento
Por isso é que defendo o afastamento deste buraco negro que é Porto Alegre. Temos que voltar nosso olhar para nossa cidade. Assim como está fazendo a UTV e a ETA que vão promover um grande acampamento farroupilha aqui em Viamão. É hipocrisia demais um viamonense descer para a Estância do Harmonia para cultuar a maior data do Tradicionalismo, em uma cidade que foi, durante toda a Revolução Farroupilha, fiel ao império brasileiro. Sem contar que aquela cidade armada sobre o aterro do Guaíba é desculpa pra comer churrasco e encher a cara ao som da “tiê miusique”.
Lugar de destaque
Só teremos lugar de destaque no cenário estadual quando soubermos reconhecer nossos valores e nossas verdadeiras potencialidades. E isso se dará através de uma ampla discussão. Seja no campo político, artístico-cultural, econômico ou até na segurança pública. Temos que começar logo esta discussão. Para não perdermos mais tempo.
Coluna publicada em 06 de setembro de 2008.

Um comentário:

Rogerio Madure disse...

E dai caro viamonense,estou me formando em artes visuais , unesc, em 12 de março, e estou escrito em curso de pós graduação, educação estetica, o meu tema de pesquisa, é a necessidade do professor de artes incluir nos seus conteudos em sala d e aula a escultura, tridimensionalidade, contemporanea, nao esquecendo do passado, mais distante escultórico, grande abração ao amigo Escobar.