sábado, 27 de junho de 2009

Black or White?

Acho que até não poderia ser diferente. Os grandes mitos não podem morrer de velhice. Seria estranho, muito estranho mesmo, se Michael Jackson morresse velhinho, sentado numa cadeira de balanço, na varanda de sua fazendola californiana, a famosa Neverland.
Numa retrospectiva rápida, todos os grandes ícones desse poderoso mundo que é a música nos deixaram precocemente. De Gardel a Elvis, passando por Hendrix, Carmen Miranda e Lenon, todos ficaram mitificados exatamente por terem nos deixado um legado maior que a sua existência terrena.
Michael Jackson talvez tenha sido o último ícone que ficará para a posteridade. Na verdade não sobrou nenhum. O quase septuagenário Mick Jagger insiste em rebolar pelos palcos e Madonna já mostrou que está em boa forma e vai alcançar a marca de Dercy Gonçalves. Então não sobrou mais ninguém.
Com Jackson também se vão os últimos elos que nos ligam aos anos oitenta, quando o Pop invadiu o mundo, embalado pela era Reagan.
Naqueles anos oitenta, nós tínhamos medo da guerra fria, de bombas atômicas e a música, francamente, era um tanto alienante, mas foi lá que se determinou o futuro do show business. Michael foi o maior vendedor de discos do mundo, com grandes sucessos no topo das paradas por vários anos. Hoje, quando a venda de música já nem existe mais por culpa da internet, isso parece mesmo coisa do passado.
A indústria do videoclipe, por exemplo, não foi inventada por Jackson, mas ele a transformou e fez os clipes mais atraentes. Jackson é indiscutivelmente o Rei do Pop, porque foi o resultado de tudo o que a música negra produziu nos últimos sessenta anos. Tudo reinventado e liquidificado para conquistar o mundo. Esse talvez seja o seu legado. Pena que nenhuma das apresentações programadas para a sua volta tenha acontecido, para nos dar uma idéia do que ele mostraria para os seus fãs. Visto desta maneira, parece até que tudo foi ensaiado, mais uma vez.
Ala petebista
Causou desconforto em algumas lideranças petistas de Viamão, que ciceroneavam algumas figuras estaduais no encontro que o PT promoveu domingo passado, a decisão da corrente governista de não se posicionar nem tampouco debater a corrida ao Governo do Estado, tão importante para um partido que se diz tão democrático. A ala petebista do PT, que entendeu ser prudente não descer do muro agora, quer esperar o caldo engrossar, mas parece mais uma atitude fisiologista, esperando para só aderir quando cavalo do delegado já estiver no paddock. Pegou mal no encontro e vai ficar pior ainda no futuro.
Hei de torcer, torcer, torcer...
Se antes a minha relação com a seleção brasileira era de indiferença, nesta final da Copa das Confederações tenho que confessar que vou torcer contra a equipe do Dunga. Principalmente pelo tratamento dado aos clubes gaúchos, desfalcados por seus principais jogadores em momentos tão decisivos. Claro que dirão que Victor não tem a mesma importância de Nilmar, mas o goleiro gremista dava um pouco mais de segurança para a nossa zaga. Nem adianta, não mudo de opinião: vou secar direto a seleção.
Macaquitos
Nem pensar defender qualquer manifestação racista, mas podemos enriquecer nossa compreensão sobre esta questão que volta e meia assombra nossa relação com os vizinhos argentinos, como no episódio envolvendo Maxi Lopes, em Belo Horizonte.
Desde a Guerra do Paraguai os argentinos se referem a nós brasileiros como “macaquitos”. E não é pela cor. De acordo com relatos da época, os argentinos menosprezavam nossas tropas porque os exércitos platinos (Argentina e Uruguai) lutavam defendendo as suas nações republicanas, enquanto nossos soldados lutavam para defender as terras do Imperador Dom Pedro II. Diziam então que éramos “macaquitos” (bonecos de marionetes), pois homens livres lutam por um ideal e não por um monarca.
Coluna publicada em 27 de junho de 2009.

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