Numa das tantas releituras de final de ano, tão pobre em entretenimento televisivo, um material sobre a Segunda Guerra Mundial me municiou para mais uma das teorias que perturbam o sono por dias. Muitas não sobrevivem a uma noite de insônia, mas esta insistia com sucessivas reprises, então fiquei na obrigação de registrar e compartilhar com os amigos leitores.
O material falava da banalidade com que os alemães tratavam a questão do extermínio dos judeus. Fiquei particularmente impressionado com o texto de um manual de instruções de uma fábrica de fornos de cremação para os campos de concentração que ensinava, não só como operar, mas também dava dicas para a otimização de seu uso, melhorando o “custo x benefício” do equipamento. Se hoje, lembrar disso só pode nos deixar horrorizados, como deveriam se sentir os que descobriam a crueldade do holocausto judeu naquela época.
Mas não é essa a tese. O que não me saía do pensamento foi como uma nação inteira embarcou nesta loucura, que a mente doentia de Hitler desenhou para justificar a possível dominação do mundo pela raça ariana. E cheguei à triste conclusão de que Hitler não tinha amigos. Isso mesmo, amigos. E nem podia, era louco-de-atar!
E pensar que poderíamos ter poupado o mundo da maior guerra de todos os tempos se o louco ditador alemão tivesse apenas um amigo, confidente, centrado, nem precisava ter um Q.I. muito desenvolvido. Unzinho só, com coragem de enfrentar as idéias malucas do pintor frustrado e combinar a cor das meias com a cor dos sapatos.
- Adolf, tu tá falando de judeus!
- Claro, o que você pensou que fosse?
- Baratas!
- Baratas?
- Sei lá... Ratos, talvez...
- Ratos? Eu estava falando de judeus!
- Mas aquela história de pragas que deterioram a base da sociedade alemã. Corroendo a nossa economia, colocando em risco as nossas famílias...
- Então... Judeus!
- Não Adolf... Baratas! Só falta tu dizer que depois vamos exterminar os ciganos.
- Sim! Malditos ciganos!
- Adolf... Tu tá maluquete... Foi alguma coisa que tu fumou?
###
Dizem que a História se encarrega de absolver alguns personagens que, em seu tempo, protagonizaram episódios lamentáveis. Isso felizmente não se aplica aos que cometeram barbáries incomensuráveis. E essa minha teoria nem de longe justifica a loucura e as atrocidades cometidas pela onda nazista que varreu a Europa durante pouco mais de 20 anos. Apenas reforço que ditadores, assim agem e se deixam levar por idéias malucas e megalomaníacas, pela simples falta de senso do ridículo e muitas vezes não são salvos de seus devaneios pela falta de alguém que os traga de volta à realidade.
E não escapa nenhum tipo de déspota. Desde os que comandam grandes nações, com ímpetos de conquistar o mundo, até os mais comezinhos e paroquianos. Todos eles carecem de uma mão amiga, de uma consciência externa que remova estes pensamentos mesquinhos e minimalistas que acham que podem resolver tudo extinguindo obstáculos a sua sede de poder. Sejam estes, seres humanos ou simples baratas.
Bloco na rua
Escrevi anteriormente que se “eles” não respeitassem a vontade dos carnavalescos e insistissem com a idéia de repetir o Carnaval participativo na Santa Isabel, estaríamos diante de um erro difícil de ser consertado. E disse também que se a Assencarv se dobrasse a esta vontade “deles”, como já havia feito durante as tratativas, o Carnaval de Viamão entraria em declínio, desacreditado, e que levaria pelo menos dez anos para se reerguer, mesmo com injeções cavalares de recursos, pois o resultado claro e evidente era o desrespeito “deles” e da sociedade que não veria com bons olhos toda essa submissão de uma entidade que representa um grande e forte segmento cultural. Fizeram bem as escolas de samba de Viamão quando optaram por novamente desfilar em Tarumã e com certeza, toda a estrutura montada em 2009, vai estar aperfeiçoada e todos desfilarão com o respeito e o carinho que merecem! Parabéns Assencarv e tenham certeza que estarei lá, não para brincar na Passarela, mas auxiliando no que for preciso.
Coluna publicada em 09 de janeiro de 2010.
Nenhum comentário:
Postar um comentário