domingo, 17 de janeiro de 2010

Santo de casa

O espaço que o Diário de Viamão reserva para o desporto talvez seja o mais lido e acompanhado do jornal e o Dickow está substituindo o Daniel (que está de férias) à altura, e não poderia ser diferente. O Carlos manja muito de futebol e de jornal, então quando as duas coisas encaixam, sai de baixo. Avisei esta semana que iria utilizar uma coluna do Carlos para escrever a minha. No fundo uso este pretexto para ampliar a discussão que começou na coluna da editoria de Esportes, terça-feira passada, quando o Carlos lembrou a potencialidade de nosso futsal, a respeito da contratação do Choco como diretor da categoria lá no Paladino, em Gravataí, e lamentou que em Viamão não exista a mesma mentalidade e assim, “prata da casa”, gente daqui, vai ajudar a fazer o nome de nossa vizinha do Vale. Tomara que tudo dê certo, nesta empreitada do Choco, lá na terra da GM.

O Choco merece

Torço para que tudo dê certo, de verdade, porque, acima de tudo, quem conhece a trajetória do Choco, sabe que ele merece tudo de bom, por tudo o que fez pelo futsal nacional. Por onde passou o Choco brilhou e sem dúvida nenhuma é um dos maiores vencedores da história do salonismo brasileiro.

A estrutura daqui

O Dickow lamentou, também, que aqui em Viamão não tenhamos a mesma estrutura para desenvolver uma equipe de nível metropolitano e até mesmo estadual, o que faz parte dos planos do Paladino (e é para isso que eles fizeram a parceria com o Choco). E é mesmo de se lamentar.

Mas se pararmos para analisar, nunca tivemos a mentalidade necessária para criar esta estrutura. Somos uma cidade que cresceu sem a cultura desportiva de origem nos clubes sociais, o que é regra em outras cidades. Aqui no Centro, o Tamoio nunca conseguiu desenvolver o espírito de agremiação. Não passa de um campo de futebol numa das áreas mais nobres da Vila Setembrina e nem o seu quase vizinho de quadra, o Clube dos Casados também consegue animar qualquer sonho de uma aventura esportiva em prol de Viamão.

Mas nos orgulhamos em ter um clube com requintes campestres bem no coração da cidade. O Cantegril, que vive de seu passado de glórias, hoje decadente, se transformou numa cidadela que atrapalha o crescimento e só distancia ainda mais as nossas vilas. O que chegou mais perto de uma iniciativa poliesportiva é a Sogisi, na Santa Isabel, que há pouco tempo encerrou seu quadro de Bolão e sobrevive não se sabe por meio de que tipo de negociata. É só um grande ginásio que bota comida na mesa de uma meia dúzia de famílias, mas ninguém ousa abrir a “caixa-preta”.

Iniciativa privada

Sobrariam as quadras que promovem os nossos torneios locais, mas acho que nenhum “dono de quadra” está a fim de se transformar em gestor de um time municipal. Até porque isso passa por uma reengenharia pessoal e profissional e demanda muito tempo e dinheiro, e como investimento, começar do zero é muito arriscado.

Por isso que o Choco fez esta parceria com o clube de Gravataí. Fora o Paladino já ser uma instituição tradicional, vale a relação com a cidade e a mobilização que pode acontecer no empresariado local para apoiar o time. Exemplo disso é o Cerâmica, que vai receber uma valiosa mão da GM, para voltar logo à primeira divisão.

Deixe a Prefeitura de fora

Aí o Carlos lembra que seria tudo diferente se a Prefeitura apoiasse o esporte, se colocasse o CeMuCulDouCarPinMennet à disposição para a criação de uma equipe local. Mas quem conhece o ginásio municipal sabe que não existe estrutura para isso. O Carlos sabe! Todo mundo sabe!

Só para lembrar, no ginásio do Paladino existem três mil lugares fixos e mais dois mil e poucos que podem ser arranjados em questão de horas. No nosso centro de cultura se pudéssemos acomodar cento e cinqüenta pessoas já seria bom demais. Em nome da “pluralidade das manifestações culturais”, fizeram um palco maior que a quadra de esportes, que não terminaram e duvido muito que um dia terminem. Não com essa política de atenção à Cultura que reina por aqui.

Então não adianta conclamar a Prefeitura para ser parceira. Entrar com boa vontade, na hora de pegar para valer, para realmente se estruturar um time viamonense de futsal, para nos representar, não basta. Não mesmo!

Coluna publicada em 16 de janeiro de 2009.

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