segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Recadinhos

Atendendo aos pedidos dos amigos e leitores, hoje coloco esta coluna a disposição da comunidade. São tantas coisas acontecendo neste período pós-eleitoral que não dá para deixar passar.
Condomínio Querência
Já dura dois meses o impasse do Condomínio Querência (loteamento irregular na região das águas claras) sobre a iluminação das ruas do loteamento. Tudo porque a “sindica” do condomínio mandou desligar a rede de iluminação (pública!) e a Procuradoria do município não conseguiu ainda formular um parecer que desenrole de vez este problema e autorize a Coopernorte a restabelecer o serviço (que é cobrado na conta de luz dos moradores). Vamos acelerar pessoal, vamos acelerar!
Suplentes não sobem
Parece que já está definido. Os vereadores suplentes da bancada do PT parece que vão ter que colocar as barbas de molho. Tudo leva a crer que os secretários eleitos (Zilmar Rocha e Geraldo Oliveira) querem cumprir seus mandatos e justificar suas votações junto ao eleitorado. Amigo da coluna que volta e meia faz analise da situação política já definiu a situação: com a maioria na Câmara, o PT vai fazer a oposição pisar em ovos e ninguém quer perder esta festa.
PSB anêmico
Antigamente era a famosa “dança das cadeiras”. Hoje com a febre funk, a sabedoria popular já marcou o ritmo: cada um no seu quadrado! Pois o PSB, que sempre andou do lado do PT na majoritária está correndo o risco de ficar sem bons cargos na próxima administração, por conta do fraco desempenho de seus candidatos a vereador, que, de novo, não emplacaram ninguém para a Câmara de Vereadores. E não é por falta de expressões. Pela segunda eleição consecutiva, Nestor Maltha fez uma boa votação, mas não consegue do partido a mesma representatividade e não alcança o coeficiente eleitoral para garantir a vaga.
Credenciado
Mas Nestor não desiste e quer que o partido seja justo agora, na escolha dos componentes que irão colaborar com a Administração do município, a partir de 2009. “Quero colaborar com o governo e tenho credenciais para assumir uma secretaria”, me disse há poucos dias o ex-vereador. Agora é esperar para ver como o PSB vai se preparar para negociar com o prefeito Alex.
Galeto Escoteiro
No próximo dia 9 de outubro acontece o tradicional Galeto Escoteiro do Grupo Escoteiro Dionysio Tonial. Vai ser no Salão de Eventos do Instituto Marista Graças e é uma excelente opção de entretenimento. Os ingressos estão à venda na loja Via Book (na escola) e com os membros do Grupo Escoteiro (Lobinhos, Escoteiros, Seniores, Pioneiros e Chefias). Valores: R$ 11,00 (para adultos) e R$ 7,00 (para crianças de 5 a 10 anos). O galeto é excelente, eu garanto!
Recado das urnas
Conheço gente que lê mão, lê o futuro nas cartas, até quem preveja o futuro nos desenhos da espuma do café (tem louco pra tudo). Mas receber recado das urnas já é demais. Se em alguma urna tiver recado pra mim, por favor, anotem que depois eu pego.
Coluna publicada em 25 de outubro de 2008.

sábado, 18 de outubro de 2008

Ainda outubro: números

Socorro-me da lista de candidatos publicada em meu blog, antes das eleições para confirmar o número de candidatos a vereador. Eram 224 intenções. Restaram nas urnas 208 candidatos, considerando-se as candidaturas dos três impugnados que restaram no programa do TRE. E ainda assim são muitos candidatos, se compararmos com a nossa vizinha Gravataí que tem 166 mil eleitores e um rol de 162 candidatos – um para cada mil eleitores. Alguém dirá que a quantidade de candidatos (um para cada 735 eleitores) aqui é maior como reflexo da extensão de nosso município. E isso pode ser verdade, mas também é verdade que algumas lideranças políticas reconhecem a falta de interesse dos eleitores locais com a política e então têm que trabalhar em cima da vaidade de algumas expressões locais, lideranças de quarteirão.
Numeradas
Analisando a lista de votação, notamos que apenas oito candidatos ultrapassaram a barreira dos dois mil votos, sendo que um deles não conseguiu vaga por falta de votos da sua legenda. Depois entre os 25 candidatos que conseguiram passar dos mil votos, estão os outros sete classificados no vestibular das urnas. Pois em nossa vizinha Gravataí, apenas 14 candidatos passaram dos dois mil votos e pasmem: cinco deles passaram dos três mil votos!
Catando milho na estrada
De fato, o que acontece aqui não é diferente do que ocorre em muitos outros municípios. Nossos políticos não conseguem trabalhar seu nome em todo o território municipal e acabam investindo no “curralito”, elegendo-se com votos de uma base eleitoral. São poucos os que podem se orgulhar em ver seu nome em urnas espalhadas por toda a cidade, e muitos até nem fazem questão! E aí apostam suas fichas na roda da fortuna dos candidatos trezentinhos.
Nanicos
Tínhamos, então, 208 candidatos votados. Retiremos deste total os oito que fizeram mais de dois mil, menos os vinte e cinco que passaram de mil e restarão ainda 175 candidatos. Mas 145 destes não chegaram aos 500 votos. Sessenta e nove por cento dos candidatos não fizeram mais que 500 votos. E olha que em Viamão quinhentos votos são muita coisa.
Lideranças miúdas
Isso é porque os partidos incentivam estas lideranças menores, de quarteirão, por assim dizer. Sabem que o voto destes candidatos não migra dentro do partido. Ou seja: se o fulano não concorrer, suas intenções de voto podem ir para a conta de candidato de outra coligação ou partido e isso prejudica até as lideranças que precisam de gordura da legenda para se eleger. E isso acaba mantendo a força de muitos partidos que andam fracos das pernas neste nosso imenso município.
O terrível 51
É engraçado, mas ao mesmo tempo mostra bem a condição de muito candidato que se acha grande liderança. Um político local sempre fala do terrível 51. Ele conta que tem liderança que chegava para ele, cheio de otimismo, afirmando que iria concorrer e que faria tantos votos, arrebentaria, e ele, sereno, respondia:
- Cuidado com o 51!
E o vivente ficava se perguntando que diabos era o 51?
- É que fazer 50 votos é fácil. É o voto da mãe, do pai, da esposa, da tia, do amigo, mas o qüinquagésimo primeiro voto é muito mais difícil, pois aí acabam os parentes e as amizades, afirmava cheio de conhecimento de causa.
Sabedoria política, meu amigo.
Coluna publicada em 18 de outubro de 2008.

sábado, 11 de outubro de 2008

Agora Vai!

Passado o período eleitoral em nosso município agora podemos fazer uso da palavra pra colocar algumas das impressões guardadas ao longo destes três meses. Entre mortos e feridos todos se salvaram, mas alguns dos que ficaram pelo caminho vão ter que reavaliar suas maneiras de fazer política em Viamão.
Cidade Proibida X Praça da Paz Celestial
Definitivamente a política que se faz em nosso município é pra consumo interno, ou seja, só interessa para os políticos. E os assuntos só giram entre os corredores do poder na Câmara Municipal ou na Prefeitura. A população deu a resposta e mostrou que não está nem aí para as picuinhas do poder.
A vitória com grande folga do petista Alex talvez seja a prova de que a oposição deve se reciclar. Velhas lideranças não têm mais espaço. E o povo quer que alguém de uma vez por todas desça a Lomba do Sabão para conquistar espaço no cenário estadual, e talvez volte com mais reconhecimento e prestigio!
Quatro anos pra pensar
É certo que nos próximo quatro anos alguma jovem liderança há de surgir. Hoje apostaria minhas fichas no Vinícius Boff, do PP. Jovem, inteligente e esforçado Vinícius, que já tem espaço na executiva estadual, contribuiu muito na construção da chapa majoritária do partido e seu trabalho merece ser destacado. Mesmo que não tenha concorrido a nenhum cargo nestas eleições é um nome que vai ganhar cada vez mais espaço dentro do partido aqui em Viamão. É esperar para ver.
Decepção do ano
Não para mim, mas para as ambições do PC do B. A turma escanteou o Bira Camargo da liderança do partido e com o apoio da Manuela Cacareco foi alinhavar outras alianças no município, apostando na popularidade da candidata roxa. Não emplacou nem Porto Alegre nem aqui.
Cliente Morto Não Paga
Essa vai entrar pra história da política viamonense. As informações davam conta que certo candidato petista teria recrutado mil bocas-de-urna para sua campanha, prometendo pagar cinqüenta reais para cada um dos apoiadores. Levou pouco mais de setecentos votos e não pagou ninguém. Agora se discute quem foi mais ingênuo: o aliciador ou o aliciado. Definitivamente ingenuidade não combina com política.
1113
Nada irritou mais nestes dias de campanha do que o caminhão da majoritária liderada pelo PMDB. O veículo ficava dando voltinhas no trevo de acesso à Santa Isabel, na parada 32, durante os bandeiraços. Trancou o trânsito irritando motoristas e eleitores.
A ironia é que o modelo Mercedes tinha o número dos partidos que superaram a votação do 15 para a majoritária: 1113!
Sobe e desce
Já me informaram que não é pratica do PT colocar vereadores em secretarias, mas como a situação está tão boa pro prefeito Alex, não vou estranhar se dois vereadores que já foram secretários na atual gestão voltarem para seus cargos e abrirem vagas para os suplentes da Frente Popular. Seria uma forma de retribuir o apoio do PRB e ainda de lambuja experimentar mais uma nova liderança na Casa Legislativa.
Perguntar Não Ofende
Será que ninguém na oposição se preocupou em fazer uma pesquisa sobre a popularidade do prefeito Alex e a aprovação da sua administração antes de lançar seus nomes aos leões, antes de começar a corrida eleitoral?
Coluna publicada em 11 de outubro de 2008.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Pânico

Você caro leitor que anda por nossa cidade já deve ter notado. Nossos candidatos estão com os nervos à flor da pele. Faltando apenas um dia, então, das eleições, é um nervosismo só. E não era pra ser diferente, afinal são meses de planejamento político e estratégico, milhares de reais gastos em material de campanha e logística, mas apenas um candidato em seis será prefeito e quatorze em duzentos e vinte e quatro serão eleitos vereadores. Haja maracujá pra segurar esse povo.
Efeito Inverso
Mas pare e pense. Não seríamos nós, eleitores, que deveríamos estar nervosos e preocupados? Afinal, somos nós que votamos e escolhemos os vencedores. O candidato deveria estar tranqüilo, pois deve ter mostrado o seu melhor lado, apresentou (e teve tempo pra isso) as suas propostas e projetos políticos. Então pra que se preocupar? Agora não é mais com ele. Seu destino e dos próximos quatro anos é pura competência de quem vota, não tem jeito.
Pra descontrair
Claro que isso tudo é só pra descontrair. Os leitores (e eleitores), muitas vezes têm que se contentar com a cobertura séria e imparcial de nossos veículos de comunicação. Mas se perdem ou ficam pra consumo interno, muitas boas estórias do que acontecem neste período de campanha. Os bate-bocas das madrugadas, a gambazada que atrapalha o discurso do candidato. O candidato que esquece o nome do anfitrião. Tudo isso fica fora da crônica política para não queimar o filme de ninguém, e não poderia ser diferente.
Que venha logo o Domingo
Conversei com alguns políticos esta semana, e todos só falam em domingo!
Tem candidato que lascou: “Escobar... eu queria ir dormir e quando acordasse já fosse domingo de manhã”. Outros dizem que chegam a sonhar com os eleitores.
O mais engraçado foi um candidato que sonhou que chegava no eleitor e quando este pedia um santinho ele não tinha pra entregar. E isso é um pesadelo pra qualquer político!
Outro já veio com um formulismo pra acabar com o assédio de última hora, instrumento que acaba com o trabalho de qualquer candidato: “tem que deixar fazer campanha e depois de uns meses, pá! Sem aviso antecipado nem choro: Amanhã tem eleição! Acaba com a boca de urna!”, garante este candidato. Coisa de louco, não?
Boa sorte a todos
Brincadeiras a parte, quero desejar a todos os candidatos boa sorte neste domingo e aos eleitores, muita calma e paciência. Pode parecer para alguns que eleição é um dia de tortura, mas é na verdade a maior prova de que o Brasil trilha um caminho democrático. Nosso modelo de escolha de representantes é modelo para todo o mundo. Talvez um dia inventem um modelo de governo em que nós não precisemos ir às urnas para escolher os nossos líderes e... Peraí, já inventaram isso. Chama-se ditadura. Então esquece.
Às urnas moçada!
Notícias na segunda de manhã
Nas eleições passadas montamos uma singela estrutura na extinta Viamão FM para acompanhar o pleito municipal. Coisa pequena: cada um com seu carro e seu celular, percorrendo as secções atrás de notícias relevantes. Como não sou de ficar em casa, e soldado no quartel em dia de folga quer serviço, vou dar um apoio moral pra gurizada aqui do Diário de Viamão, que vai montar um plantão neste domingo e apresentar os resultados e a maior cobertura destas eleições municipais já na segunda-feira de manhã, bem cedinho.
Coluna publicada em 04 de outubro de 2008.

Rir ainda é o melhor remédio

No final do ano passado, durante a Conferência Municipal do Turismo, realizada na PUC-Viamão, em um dos grupos de trabalho e discussão de que participei, levantamos a questão que Viamão não teria (ainda) um animal símbolo, algo que representasse nossa cidade, uma mascote que pudesse ser explorado turisticamente. Algo que atraísse a atenção de quem chega ou tem vontade de conhecer nosso município.
Uma idéia me veio à cabeça:
- Por que não a mula?
Alguns dos colegas de debate deram de ombros, acharam que eu estava brincando, mas os outros, percebi, ficaram um tanto ofendidos com a colocação.
Não estava brincando, com certeza. Não podemos esquecer que os muares foram uma das riquezas de nossa terra, quando tudo que interessava à Coroa Portuguesa eram as maravilhas, em ouro e diamantes, que as Minas Gerais produziam. Tanto que uma mula “bem formada” valia uma boa quantidade de escravos. Daqui da região dos Campos de Viamão saiam as grandes tropas que abasteciam o mercado sorocabano de mulas, que por sua vez abastecia às Minas Gerais.
Mas isso não vem ao caso. O que interessa, e quero voltar ao início, é a reação das pessoas. Aquelas que se fizeram ofendidas. Paro aqui pra fazer uma afirmação: Não sabemos rir de nós mesmos! Não estou falando da espécie humana. Estou falando do viamonense. É verdade. Prova disso é que talvez você esteja agora ofendido com essa afirmação.
Li há poucos dias uma entrevista do Chico Anysio, enquanto esperava em algum lugar que não vem ao caso, quando lhe perguntaram como ele explicava o fato de brotarem tantos humoristas e comediantes das agrestes terras nordestinas. Para Chico isso é um subproduto da seca e da miséria. As pessoas estão tão acostumadas, tão íntimas das agruras da fome e das doenças, que só lhes resta rirem. Rir da morte, rir das cotidianas condições de subsistência. Talvez isso também explique o humor judaico, sei lá.
Mas o fato é que o viamonense não ri dele mesmo. Claro que damos boas risadas de nossas estripulias, dos amigos, de algumas situações. Mas não sabemos rir de nossa condição. De nossa relação com Porto Alegre, de nossos problemas diários, de nossos políticos, de nossas personalidades locais. Somos a capital do “dê-se ao respeito”. Já notaram nossa imprensa? Não temos chargistas que retratem nosso dia a dia, algo pitoresco, porém, relevante. E aqueles que ousam tentar não encontram nem material quanto mais espaço para divulgação. Alguém conhece alguma caricatura de alguma personalidade política de Viamão? De alguma figura da sociedade viamonense? Se elas existem estão guardadas para consumo interno, familiar.
Quando estávamos na escola sempre tinha aquele cara que colocava um apelido e que nos molestava diuturnamente. E se deixássemos transparecer nosso desconforto, aí era pior. Aprendi que se brincarmos junto, aproveitarmos a “zoação” para purgarmos nossos males, a “fúria” dos inventores de apelidos e piadas fica neutralizada. Mas nós, viamonenses, não! Não brincamos, sob hipótese alguma. Até achamos graça, afinal somos “seresumanos”, mas não incentivamos. Vai que alguém vire a metralhadora pra dentro da trincheira.
Coluna publicada originalmente em 26 de junho de 2007 e republicada em 20 de setembro de 2008.