Quem usou pela primeira vez esta expressão (que eu saiba) foi a Gládis Helena, locutora da Viamão FM, lá no início da rádio, no Conversa de Bar, quando um montão de jovens e velhos músicos e compositores iam lá pra Rádio apresentar seus trabalhos. Apareceu tanta coisa boa que o Identidade Viamonense virou um programa que só toca música de Viamão. E tem muita música pra tocar! Mas você sabia que a música de um viamonense está entre as 100 maiores composições brasileiras de todos os tempos? Você já deve ter cantarolado:
“Me faz pequena, asa morena/me alivia a dor,
aliviando a dor que mata /me faz ser teu amor...”
Essa canção ficou famosa na década de 1980 na voz de Zizi Possi, e foi escrita por Zé Caradípia, que cresceu ali na Viamópolis, na Rua Tiradentes. Tenho que confessar que quando o entrevistei para a Revista Viamão, há quase dois anos, fiquei um tanto emocionado, pelo orgulho de conhecer o compositor deste verdadeiro tesouro. Se você colocar todas as músicas brasileiras, compostas em todos os tempos, em um quilo de arroz, as cem maiores cabem em um único grão. É neste verdadeiro Olimpo musical que está a pérola de Asa Morena. Então Asa Morena só pode ser a maior música viamonense de todos os tempos! E aí vou me atrever a classificar a segunda maior composição. “Regime Fetal”, de Marcelo e Marquinho Binatti é indiscutivelmente, para mim, a segunda maior canção viamonense. E olha que só tomei ciência da música depois de conhecer a maioria das composições do Tio Marcelo. Há poucos dias Marcelo recebeu uma justa homenagem na Câmara de Vereadores, pelo seu belo trabalho nas cinco edições do Som do Pimpolho, a maior manifestação fonográfica que já aconteceu por estas terras, reunindo grandes artistas pra cantar com os alunos da Escolinha Pimpolho, da Santa Isabel. Regime Fetal tem 22 anos, mas se torna cada vez mais atual. Se você ainda não conhece, eu a transcrevo, mas vá atrás de uma cópia do CD do Femuvi de 1985. Vale a pena por ela e pelas outras composições.
“Tens Jesus, te traduz/ “Teimosia, amores e cruz”
De um Ortiz, vermelho diz/ Garrafais: Somos todos iguais!
Diferentes te comparam/ Com europas, cachopas de gente
És moldura das demais/ Na fome dos nossos jornais.
Verdes praças que te cercam/ De poeira, sangue e fé
De barreiras em distâncias/ Serás o que Deus quiser
De crenças, conservas, nuvens/ Santos, índios, velhos nomes
Assaltos, sarros prosseguem/ À noite o perigo dos “homi”
Nasce mais um dia/ Isso é que é paixão
Natureza dona da tradição Nasce mais um dia/ Isso é que é paixão
Natureza chama: Revolução!
Voluntários dessa terra/ Peito encerra ódio e paixão
Crianças adulteradas/ Doutrinadas num sermão
Padre Bernardo, preito, prefeito/ No direito de falar
De culpados inocentes/ Tanta gente a nos julgar
Isabel, Elza e Cecília/ São mães, são vilas
Do mesmo pai
Tão temida Esmeralda/ Véu grinalda, triste vai
Aos pontapés, “palavrão”/ Lisboa, chão, Sabão, fiscal
E o alto preço da passagem/ Pra viagem capital
De paradas trinta e dois/ Ações, arroz, suor, enxada
Cruzados braços neste laço/ Passo a passo, estrada
Independentes esquecidos/ Num gemido dizem cantar
No sustento de outros tantos/ No entanto a explorar
Ante amigos foragidos/ Desprotegidos do saber
Do fumo, rola bola, história/ Nós agora... Reviver!
Isabel, Elza e Cecília/ São mães, são vilas
Do mesmo pai
Tão temida Esmeralda/ Véu grinalda, triste vai
Aos pontapés, “palavrão”/ Lisboa, chão, Sabão, fiscal
E o alto preço da passagem/ Pra viagem capital
Nasce mais um dia/ Isso é que é paixão
Natureza dona da tradição
Nasce mais um dia/ Isso é que é paixão
Natureza chama: Revolução!”
Coluna publicada originalmente em 18 de agosto de 2007.
Um comentário:
Onde será que consigo encontrar um CD do FEMUVI de 85????
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