quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Mestres

Tenho por orientação pessoal para a minha vida o respeito incondicional aos mais experientes. Não digo mais velhos, ou idosos, mas sim experientes pois já passaram, muitas vezes, por situações que ainda vamos passar. Por isso adoro jogar conversa fora com estes mestres da vida.
Histórias são sempre bem vindas. Acho que talvez seja também uma maneira de me agarrar aos tempos que passei com meu pai e meus avós que já se foram. Talvez seja a fórmula para segurar o século vinte que era bem melhor que este tal de vinte e um que está recém completando uma década.
Experiência
Quando participava da Viamão FM, fomos chamados para uma reunião com a diretoria da rádio comunitária que queria ajustar os programas apresentados. Assim o diretor começou a reformulação que planejava com cada comunicador. Chamou o Ney Rodrigues e pediu que ele contasse menos histórias sobre o tradicionalismo (o Ney é um grande pesquisador das coisas do sul) e tocasse mais tchê-music (argh!). Quando o Nei quis argumentar, o diretor arrematou:
- Tenho 16 anos de rádio! Muda o programa!
Para o Arizinho, nosso maior interprete do carnaval, que apresentava um programa que tocava samba, pagode e outros ritmos da cultura black, a direção programou músicas do cenário sertanejo. Arizinho, desconfortável, também pensou em defender seu espaço radiofônico, mas de pronto recebeu a sentença:
- Tenho 16 anos de rádio! Não discute, te recicla!
E assim foi até que foi a vez do Identidade Viamonense, programa que eu e o Lilja apresentávamos, não só na Viamão FM , mas depois também na Rádio Santa Isabel.
- Não dá pra ficar tocando só música viamonense, temos que abrir este horário para músicas do playlist (aquelas que tocam sem parar nas outras rádio) - disse nosso diretor geral.
- Não dá, respondi, não é o objetivo do programa.
- Muda sim! Eu tenho...
Antes que ele pudesse terminar a frase reforçando seus dezessseis anos de rádio, interferi:
- ...eu tenho 30 anos de rádio!
Silêncio geral. E antes que alguém entendesse terminei:
- Ouço rádio desde os seis anos, sei o que as pessoas gostam de ouvir.
Pelo menos no Identidade Viamonense ninguém mexeu mais.
Ícones
Para muitos Cândido Norberto foi um dos grandes comunicadores do sul do país, remanescente da Era de Ouro do rádio gaúcho. Infelizmente, pela minha idade não pude desfrutar desta época que influenciou toda a nossa sociedade e criou um dos maiores ícones da rádiodifusão. Mais triste ainda é saber que estes grandes comunicadores estão nos deixando.
Por isso sempre que ouço rádio, faço mais do que simplesmente desfrutar dos programas e das músicas. Adoro tanto rádio que fico escutando e tentando aprender. Como diz um amigo que também é fascinado por rádio: a gente quer escutar o que está acontecendo dentro do estúdio, além do microfone. E todos estes grandes nomes do rádio são como professores. É assim que tratos todos eles, são professores.
Hoje tem outra aula
Esta noite vou aproveitar a visita com a diretoria da ASSENCARV, que vai apresentar o grande carnaval que estamos programando para Viamão, na Rádio Gaúcha para ter mais uma aula com o professor Cláudio Brito, às 23 horas. Já estive no programa antes, mostrando a homenagem que nós, na equipe da Revista da Santa Isabel, fizemos para comemorar os vinte e cinco anos da Vila Isabel. É quase certo que não vou nem me pronunciar, mas o leitor pode ter certeza quer vou estar no fundo do estúdio, pescando cada lance, concentrado na aula.
Vai entender
Mudo de assunto e faço a pergunta que todo mundo deve estar guardando na cachola: neste caso do deputado mineiro que deve assumir a Corregedoria da Câmara dos Deputados em Brasília, não seria correto ele nem estar entre os parlamentares eleitos? Porque só agora levantasse a hipótese de sonegação? Vai entender, pobre mortal, vai entender.
Coluna publicada em 07 de fevereiro de 2009.

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