quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Não pega bem

Muitos políticos da velha guarda ficaram famosos pelo folclore até certo ponto engraçado que criaram ao redor de sua biografia. É peça fundamental para a criação do mito. Políticos que usavam a maneira com que conduziam algumas de suas decisões para ampliar a sua base, vamos dizer assim. Ainda mais em um tempo que as histórias se perpetuavam muito mais de forma oral do que no registro jornalístico, em uma cidade que já foi muito carente de jornais (é, caro leitor! Já existiram tempos que não tínhamos o privilégio de contar com tantos). Tevê e rádio nem pensar!
Por isso chegam a beirar a anedota as farpas entre os nossos maiores políticos do passado. Canelinha, Clodoaldo, Tapir, para citar os locais, Collares, Meneghetti e Lagranha, para ficar na região, entre outros. De todos eles, os mais velhos na crônica política têm alguma história pra contar.
Mas um traço comum à maioria destas respeitáveis lideranças citadas é a experiência de vida e a capacidade de rirem de si mesmas. O bom humor de Tapir Rocha, que eu infelizmente não tive o prazer de conhecer, é sempre citado por quem conviveu com ele. A maioria das histórias que já ouvi e que cercam o mito do maior político viamonense são contadas com bom humor, e se nas releituras com liberdade poética, viram piadas. E isso é muito bom!
Digo isso porque nossos jovens políticos estão perdendo o bom humor. Estão tão preocupados com a imagem que acabam ficando tristes, sisudos, sérios demais. E esquecem-se do principal: experiência. Experiência que é fundamental para administrar os problemas que possam surgir. Experiência para saber até onde podem ir com suas birras e entender que intransigência não funciona quando o assunto é o interesse da maioria. Por que isso não pega bem. Experiência até para saber a hora de rir de suas próprias mancadas.
Por isso talvez tenha demorado vinte anos para que o Baile Municipal ressurgisse. Não que tenham se extinguido os foliões, reis momos, rainhas e princesas do carnaval. Extinguiram-se os homens de visão.
Efeito sanfona
O carnaval tinha tudo (antes de alimentada esta polêmica) para ser de vacas magras. Sim, porque o nosso carnaval tem sofrido nos últimos anos do “efeito sanfona”. Calma que eu explico.
Em 2005 nosso carnaval foi denominado de carnaval “familiar”. Sabe como é, primeiro ano de administração, poucos investimentos, e hora pra terminar: meia-noite. Ainda assim juntou um bom público na Avenida Liberdade, mas deixou a desejar.
Já no ano seguinte, o primeiro do modelo competitivo deste século, arquibancadas na avenida, o público foi considerável. Em 2007 foi a vez dos camarotes, tudo muito bacana, bem organizado, mas novamente o público não foi expressivo.
No ano passado a pista encheu! Nosso carnaval bombou, como dizem e segundo a organização foram mais de quarenta mil pessoas. Sim, quarenta mil pessoas, seis e meio por cento da população viamonense! E esperaram até às oito horas da manhã de domingo para ver a Vila Isabel iniciar sua apresentação.
Onde quero chegar? A desorganização de um ano se reflete no próximo, o que faz com que o público, desrespeitado e mal tratado acabe refletindo negativamente no ano seguinte. Você voltaria ou faria publicidade de um espetáculo que lhe causasse desconforto, colocasse você numa situação constrangedora? Claro que não! Quando o carnaval é bem organizado, com respeito ao público, ele dará resultados positivos só no ano seguinte.
Por isso faz um ano que venho batendo na mesma tecla: profissionalização. Por isso é que há um ano, participei da primeira reunião de alguns presidentes das entidades carnavalescas de Viamão, que tomaram consciência de que o futuro passava pelo ressurgimento da Assencarv e pelo profissionalismo. E agora não tem mais volta. Parabéns Assencarv, que renasceu cheia de ambição. E bem aventurada esta santa e bendita polêmica!
Coluna publicada em 14 de fevereiro de 2009.

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