domingo, 21 de dezembro de 2008

Tacógrafo

Você deu uma piscada e pá! Acabou 2008. Felizmente para uns, nem tão bom para outros, o que fica de certeza é que não é o mundo, a economia, o efeito-estufa e todas as outras teorias apocalípticas que conspiram contra nós. É o tempo! Ele é que é o nosso maior algoz. É essa onipotência que nos faz tão pequenos, apesar das grandes conquistas pessoais ou da humanidade. Sabe por quê? Por que a história terá que ser contada. E quando for contada, nossas glorias ou frustrações, serão como fábulas. Infelizmente não poderemos ver a fascinação daqueles que lerão sobre nossos feitos. Alguém contará, registrará para a eternidade (olhaí a onipresença do senhor dos relógios) e nós não estaremos lá para confirmar.
Talvez a opção dos povos por acreditar em um ser superior e divino para explicar a maioria das coisas que não percebiam fosse talvez a maneira encontrada para explicar a finitude da vida frente ao flagelo dos dias que se vão, e às noites que virão. Somos frágeis neste planeta que chamamos Terra e insignificantes diante os projetos do universo. Nossa existência não equivale, talvez, a um segundo no tacógrafo da eternidade.
Um segundo
Pois os cientistas resolveram acertar os relógios do mundo e ganhamos um segundo em 2008. O que faremos com este providencial segundo? E se eu tivesse gastado este tempo antes? Meu Deus! Agora teria que devolvê-lo...
Vou pensar no que farei com este segundo a mais em minha vida. Talvez utilize para as minhas resoluções de Ano Novo... Não! Não vou gastar um segundo que me deram, para usar este ano pensando no ano que ainda virá. Vou gastá-lo com coisas que me dêem resultado ainda em 2008! Putz... Acho que já estou gastando tempo de mais pensando nisso.
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Assunto mais sério
A notícia de que um homem teria se enforcado na Santa Isabel, na quarta-feira, me chegou pelo celular e imediatamente liguei para o Carlos Dickow que acionou sua equipe aqui no DV para cobrir o lamentável incidente.
Mais lamentável é que no outro dia, algumas pessoas que presenciaram a cena diziam que “dava pra ver ele se debatendo”.
E ninguém fez nada?
Ninguém foi capaz de se colocar entre a morte e a salvação desta atormentada alma? Ficaram a olhar o triste espetáculo?
Essa pode ser a real dimensão que damos à vida. Nascer, viver e morrer já são coisas que não merecem nossa atenção. E quando estamos tão próximos deste reality show, não nos damos conta que não está passando na TV da nossa casa e que poderíamos alterar este final.
Isso não me choca! Me revolta!
E não vou admirar se amanhã ou depois estas imagens, deste infeliz que atentou contra a própria vida e logrou êxito pela falta de compaixão da assistência, estiverem circulando pela internet.
Não precisamos ser assim, não mesmo!
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Tô fora!
Providencial esta parada do DV no final de ano. Ganho duas semaninhas de férias (eu e os leitores) e retorno só em janeiro. Assim aproveito para renovar os armários do pensamento e faço um Conselho Editorial com meu id e meu ego e definimos como iremos nos comportar em 2009. Aos leitores e amigos deixo meus sinceros votos de sucesso e felicidade para todos nós e que possamos continuar lutando pelas coisas de Viamão. É necessário! Aos amigos do DV, um cordial abraço e um agradecimento especial pela tolerância com este colunista.
Coluna publicada em 20 de dezembro de 2008.

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