quinta-feira, 9 de abril de 2009

Falecimento

Já vai tarde!
Vai deixar saudades, mas já estava mais do que na hora de morrer. Muitos diziam que já estava com a morte decretada há algum tempo, mas tinham medo de desligar os aparelhos. Pois no domingo pela manhã, exatamente às seis horas e cinqüenta minutos, quando a última escola de samba passou pela passarela do samba do Autódromo de Tarumã, foi sepultado o Carnaval de Rua de Viamão.
Não que ele não possa continuar acontecendo como expressão popular, mas o Carnaval Competitivo, aquele que as escolas de samba perseguem como forma de valorizar e abrilhantar seus meses de trabalho e dedicação pelo samba, este terminou de vez. Não há porque ficar se enganando, tentando remendar e comparar, como fizeram alguns especialistas “chapas brancas”, esta semana. Agem como os músicos do Titanic, que continuaram a tocar no deck do gigante, enquanto ele afundava.
Nem viúvas deixou
Claro que uma ou outra viúva do Carnaval de Rua vai ficar por aí se lamentando. Mas conversei com a maioria dos presidentes das escolas de samba de Viamão e com algumas personalidades do Carnaval e todos foram unânimes em afirmar que a estrutura montada no Tarumã não deixou nada a desejar. Tirando um ou outro problema de coordenação, mas que é normal na estréia de qualquer evento, ninguém teve reclamações. Se tivéssemos organizado uma muamba, que pudesse simular o que teríamos na noite do último sábado, nem estes pequenos contratempos teriam acontecido.
Não dá para comparar
Outro pecado de alguns críticos à decisão da Assencarv de levar o Carnaval para Tarumã é querer comparar o desfile das escolas no sábado com o Carnaval da Avenida Liberdade.
O Carnaval de Rua não é compatível com uma cidade das dimensões da nossa. Justificava-se quando Viamão tinha 150, 180 mil habitantes, mas nos tempos modernos, onde nossos núcleos urbanos não param nenhum dia da semana, fechar uma rua tão importante como a Liberdade é um despropósito.
O Carnaval de Rua atrapalha a vida de quem não gosta de Carnaval, trata mal quem gosta (ou será que alguém gosta de ser apertado e pisoteado na multidão que quer assistir aos desfiles?) e atrai quem não tem opinião sobre o assunto, mas vai para a avenida, ávido por criar confusão.
Carnaval sem incidentes
Nas doze horas que passei dentro do autódromo, tudo transcorreu na maior civilidade. Só houveram dois incidentes, protagonizados por dois rapazes inconvenientes que foram prontamente convidados a se retirar da pista de eventos.
Ouvi esta semana de um empresário da Santa Isabel, que me perguntou se eram verdadeiras as informações que repassaram na região de que o desfile do autódromo teria sido um fracasso. Como seria um fracasso uma empreitada tão democrática como essa? Onde todas as escolas de samba, irmanadas sob a bandeira da Assencarv, eram anfitriãs e convidadas, o que poderia dar errado?
Este mesmo empresário, muito amigo do prefeito Alex, depois me confidenciou: “torci pelo Carnaval do autódromo. Agora eles têm que devolver o desfile de Sete de Setembro para a Santa Isabel!” Torço por isso também. E como torço.
Coluna publicada em 21 de março de 2009.

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