Mas você pensa que a moral da estória é “não julgue o livro pela capa”?
Não meu amigo, não é esta a lição. A lição que me refiro é sobre o poder que a mídia tem sobre nossas vidas. O poder dos meios de comunicação é incontestável.
A armação que encanta
No caso de Susan Boyle, não me contive apenas em rodar o vídeo que um amigo me mandou. Prestei atenção na letra da canção (do musical “Os Miseráveis”, baseado na obra de Vitor Hugo). A música tem tudo a ver com o momento que Susan vive. Foi escolhida a dedo para preparar o apoteótico final.
Pesquisei um pouco mais e encontrei outro vídeo, do vencedor de dois anos atrás do mesmo programa, e ele também era o patinho feio, aquele que ninguém esperava que triunfasse. E cantou o quê? Nessun dorma, da ópera Turandot, de Puccini, onde o protagonista, em seu ápice, brada, “vencerei, vencerei!”.
Nada mais apropriado para quem tem que provar que é bom.
Queremos nos enganar
O pior é que toda esta mídia, esta grande indústria de emoções não faz isso por vontade própria. Nós é que queremos nos enganar. Entregamos a um bom tempo nossas vidas à tutela dos veículos de comunicação. Escândalos, crises, consciência coletiva, tudo isso é magistralmente regido pelo último bastião da ética e da moral: a Comunicação.
Literalmente borram suas calças
Esqueça os grandes conglomerados financeiros, os donos do dinheiro. Esqueça dos governos, dos poderosos países que comandam o mundo. Esqueça também dos políticos que todos temem. Todos eles morrem de medo da mídia, seja ela falada, escrita ou televisionada. Os meios de comunicação é que detém o poder máximo. O poder de estar com seus olhos e ouvidos em qualquer lugar. E quem conhece o poder da mídia, literalmente borra suas calças, para não dizer coisa pior.
Pra frente e pra trás
Bem que a prefeitura poderia aproveitar o novo bulldozer que adquiriu para o lixão e alargar a estrada para Itapuã, que está cada vez mais estreita. Se não me engano, a última vez que deram uma grande arrumada naquela estrada foi na administração do Tapir. Uma alargadinha viria bem a calhar. É muito investimento só pra ficar empurrando lixo.
Algodão nos ouvidos
Se o Dickow ficou impressionado com a poluição sonora no feriado, em pleno Centro de Viamão, deveria dar uma passadinha na Avenida Liberdade, nos domingos à noite. Aquilo sim é que é poluição sonora. O pior é que a potência dos autofalantes é inversamente proporcional à qualidade das músicas.
E enquanto se espera a fiscalização de algum órgão competente, só nos resta encher nossos ouvidos de algodão.
Vereador eclético
Um vereador de Viamão, sempre preocupado em manter boas relações com o eleitorado, topa qualquer parada, com o objetivo de aparecer. Quando sua assessoria marcou um encontro com um grupo de profissionais da saúde, o nobre edil já chegou lascando:
- Eu entendo as agruras que vocês estão passando, eu também já trabalhei em hospital - disse o vereador da ponta de uma mesa de reuniões lotada.
Mais adiante, com estudantes de uma escola, se mostrou solidário às reivindicações por conta da carteirinha escolar...
- Eu já fui estudante, conheço bem as dificuldades. Despejou, já partindo para outro compromisso da agenda.
Chegou ao sindicato dos motoristas e sacou do bolso a carteira de motorista, categoria D, reluzente e, demagogo que só ele, desfiou o terço:
- Sei como vocês sofrem nas estradas, já fui motorista profissional – o que mais poderia se esperar do oportunista.
Restava só mais uma reunião para cumprir a agenda e quando chegou ao local marcado, o vereador viu que se tratava de um encontro com um grupo gay. Aí não se conteve e disparou contra a sua assessoria:
- Ah! Vão tomar no...
Coluna publicada em 25 de abril de 2009.
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