domingo, 11 de maio de 2008

2008

O Paulo Sant’anna, há poucos dias, sentenciou no Sala de Redação: “O presidente Lula caminha para seu terceiro mandato! Podem me cobrar. De alguma maneira ele vai trabalhar para modificar a Constituição e fazer passar a possibilidade de mais uma reeleição”. Depois foi a vez do jornalista Políbio Braga em sua newsletter diária, afirmando que a convenção nacional do Partido dos Trabalhadores, neste final de semana, em São Paulo, entre outras coisas, serviria para referendar esta vontade política de Lula. Agora vem a notícia, do Paraná, de que a maioria dos prefeitos que foram beneficiados com recursos do PAC – Programa de Aceleração do Crescimento – está compondo a aliança pró-Lula. Nosso presidente parece que já tem um projeto político montado.
II
Mas não é esse ponto que quero abordar. Acho, particularmente, que esta proposta não passa. O que me chama a atenção é o fato de que o nosso povo já vem, há algum tempo, concordando com a idéia de que quatro anos é tempo insuficiente para um grupo político e suas propostas comandarem as coisas aqui na terra brasileira. Em outros países que têm “certa” tradição democrática é de confiar um segundo mandato aos seus dirigentes. É o caso dos Estados Unidos, da Inglaterra, da França. Nestes países, as correntes políticas sempre se mantêm no poder por pelo menos oito anos.
III
Uma das grandes pedras no caminho da estabilidade política, para nós brasileiros, parece ter sido o monstro da inflação. Tão logo conseguimos domar a fera, nossos governantes supremos começaram a pegar gosto pela reeleição. Foi assim com FHC, é assim agora com Lula. É claro que contam também as emendas à nossa Carta Magna, mas duvido que alguns líderes ficariam mais quatro anos corcoveando no lombo do boi brabo que era a instabilidade econômica que nos castigava.
IV
Mas aí você dirá que essa mentalidade da reeleição não é tão certa, visto que nos governos estaduais (principalmente aqui no Rio Grande) não temos reafirmado a preferência, nem de nomes, nem de partidos. Aí eu arrisco dois aspectos: Primeiro que a cadeira de governador não esquenta pelos projetos políticos de nossos líderes estaduais, que querem é projetar seus nomes para vôos maiores, como senadores ou até ministros de alguma aliança futura, sempre trabalhando para colocar à disposição de seus partidos seus “humildes serviços”. A outra questão é a falência dos governos estaduais, sempre enrolados com seus próprios problemas (crise na educação, na segurança, funcionalismo, precatórios). Ou seja, na relação direta com a população, tem sobrado aos poderes municipal e federal a verdadeira condução do dia a dia da população.
V
E a tese dos dois mandatos também se encaixa na política local. Primeiro foi o Prefeito Ridi, que teve a oportunidade de comandar o município por oito anos. Agora o Prefeito Alex já venceu a luta interna e garantiu a preferência do partido para tentar a reeleição. E para o ano que vem nossa cidade viverá em constante ebulição política. Partidos da base aliada e da oposição já começaram a corrida às urnas em 2008. Mas cabe ao povo decidir se empresta mais quatro anos ao atual prefeito ou muda o timoneiro da administração municipal. A saída é esperar até outubro do ano que vem. Até lá qualquer aposta é de alto risco.
Coluna publicada em 1 de setembro de 2007.

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