II
O fato é que só depois que crescemos, já com os filhos em idade escolar, compreendendo melhor a verdadeira noção do civismo, conseguimos valorizar estas manifestações, os desfiles, as comemorações da semana da pátria, a semana do município e a semana farroupilha (talvez sejamos a única cidade do estado que tem quase um mês de festas cívicas). Hoje faço questão de prestigiar o desfile de Sete de Setembro, na Avenida Liberdade. A comemoração da Santa Isabel, ano após ano, vem batendo recordes de público, pois segundo a Brigada Militar, mais de 30 mil pessoas passam pela avenida naquele dia.
III
O problema é que tenho notado, e a meu ver é pouco positivo, é o tamanho do desfile, que em alguns anos passa da hora em que o sol se põe. As escolas estão cada vez maiores, com mais alas, mostrando temas variados, meio-ambiente, história do Brasil, Epopéia Farrapa. Tudo muito lindo, enchendo nossos corações de orgulho, mas cansativo pra quem desfila e pra quem assiste ao espetáculo.
IV
Essa semana conversava com um “pracinha” do Batalhão de Suez, que foi a primeira participação de nossas Forças Armadas em tropas de paz da ONU, lá em 1957. Ele me informou que em Viamão moram em torno de quinze soldados daquelas forças, e falei da importância, talvez, deles desfilarem em um de nossos palcos cívicos. Ele prontamente rebateu dizendo que gostaria, mas a Secretaria de Educação, que organiza os desfiles, não deixa, ou nunca se preocupou em convidar, por isso não desfilam.
V
Se essa afirmação for verdadeira, fico muito chateado. Primeiro, por que defendo que o desfile deve ser mais popular e aberto a todas as organizações do município. Acho que deveriam limitar o número de estudantes por escola, sei lá, cem alunos mais a banda, talvez um pouco mais, e deixar espaço para a manifestação de outros grupos representados: clubes de mães, centros de tradições, associações de moradores, escolinhas infantis, empresas (sim! por que não empresas?) ONG’s. Temos que transformar nossos desfiles na verdadeira manifestação popular. E tirando as escolas que têm que mostrar um pouco mais de ordem e disciplina, poderíamos, também, acabar com a “marcação” do passo, e a ordem de fila e coluna. Os desfiles têm que ser mais espontâneos e coloridos. Nós ficamos maravilhados com o desfile dos atletas em jogos olímpicos e no último Pan, no Rio de Janeiro. São desfiles cheios de espontaneidade, e ninguém questiona o sentimento de patriotismo. A pátria não é só a organização estudantil. É o amor do povo por esse chão.
VI
Talvez não tenhamos tempo pra mudar os desfiles deste ano, mas acho que devemos pensar isso para os próximos anos. A participação maior de nossa gente pode ser uma pequena iniciativa, mas pode ajudar a melhorar a auto-estima do viamonense. Não podemos deixar que o povo só participe do espetáculo atrás da banda da última escola, como um grande bloco do arrastão da alegria.
Coluna publicada em 25 de agosto de 2007.
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