Proporção
Um fato que ficou demonstrado é que o carnaval de Viamão, se minimamente organizado e profissionalizado, nos próximos anos, pode tomar uma proporção metropolitana. O que vimos na avenida foi uma forte comunidade carnavalesca tentando dar o seu recado. As escolas passaram com muita força e a comunidade respondeu à altura. Acho até que muitos dos espectadores foram para a avenida, empolgados com a estrutura montada no ano passado, que tinha arquibancadas e camarotes, que deram um aspecto mais verticalizado à passarela e contribuiu com as apresentações em 2007. Este ano, muitas pessoas nas arquibancadas se queixavam que não conseguiam apreciar os desfiles, e muita gente ficou apertada atrás das estruturas que separavam o público da avenida. Motivo: foi gente saindo pelo ladrão!
Só pra comparar
No ano em que uma pesquisa avaliou que menos de cinqüenta por cento dos brasileiros gosta de carnaval, e muito menos ainda, vai para a avenida ver os desfiles, quase 40 mil viamonenses passaram pela Avenida Liberdade no Sábado. Só pra comparar, Porto Alegre tem em torno de um milhão e quatrocentos mil habitantes. Se tivéssemos no mesmo dia, duas decisões de campeonato, uma em cada grande estádio, Porto Alegre colocaria em torno de cento e trinta mil torcedores no Beira-Rio e no Olímpico, ou seja, quase dez por cento da população. E ainda assim, muitas das posições nas arquibancadas seriam ocupadas por torcedores de outras cidades e muitos viriam da Grande Porto Alegre. Aí num universo de quase cinco milhões de moradores esta proporção cairia para a casa dos três por cento.
Festa Popular
Acreditem ou não, se passaram pela Liberdade quase quarenta mil pessoas, em relação à nossa população que é de duzentos e sessenta e cinco mil habitantes, nossa proporção beira os quinze por cento. O carnaval de Viamão, proporcionalmente, movimenta para a cidade mais do que o futebol, que ganha disparado na preferência nacional, para nossa vizinha capital, e ainda assim se tivermos um dia de dupla decisão.
Conclusão lógica
Isto posto, só resta um pensamento: é burrice não investirmos profissionalmente no nosso carnaval. É inadmissível que o maior agente cultural, talvez o único que leve o nome de nossa cidade para outras regiões. Que tem quase duas horas de projeção estadual pelas lentes das redes de tevê, não tenha o apoio minimamente aceitável para fazer seu carnaval. É economicamente inaceitável que não tenhamos uma cadeia produtiva que incentive o carnaval e nossas escolas de samba. Apoiar o carnaval é incentivar o comércio local, que vende tecidos, artigos para fantasias, artigos para alegorias, metal e madeira para os carros alegóricos, alimentação para os integrantes e o publico espectador, incremento de viagens no sistema de transporte, seja público ou privado, enfim, dá pra aquecer nossa economia local. Temos demanda para isso, só precisamos pensar com mais seriedade o carnaval. É um produto que pode ser bem explorado se for tratado de forma profissional. Agora só precisamos saber quem vai liderar este movimento.
Coluna publicada em 23 de fevereiro de 2008.
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