domingo, 11 de maio de 2008

Venceremos?

Tem sido comum, através dos últimos anos, que as administrações públicas usem slogans para definir seus mandatos. São frases positivas, que quase sempre refletem a boa vontade da tendência e norteiam o pensamento daqueles que irão comandar os cofres públicos, transformando-os em ações sociais e políticas. É a contribuição da publicidade à classe política, coisa de marqueteiros, e algumas até soam muito bem.
Agora, nada se compara ao slogan de Uruguaiana. São duas palavras: “Uruguaiana Vencerá!”, só isso. E nada mais precisa ser dito. Onde outras cidades fazem frases de efeito, destacando o lado social de sua administração, enaltecendo uma cultura paternalista de onipresença da máquina pública, Uruguaiana deu um recado sincero: não estamos nem aí pro resto, “venceremos” e ponto final. E esta filosofia tem mostrado resultados bem animadores.
Este final de semana, a cidade da fronteira está organizando seu carnaval fora de época e, pasmem, já é considerado o terceiro em importância no país, atrás só do Rio e de São Paulo. E não são eles que dizem isso. Quem afirma são os setoristas de carnaval do centro do país que têm visitado Uruguaiana para conferir os preparativos e os desfiles. E não é só no carnaval. Uruguaiana mostrou uma capacidade enorme de reverter a situação que se apresentava para a região no final do século passado. Viajei com freqüência pelo interior do estado nos anos 90 e muitas cidades da região da fronteira estavam em situação falimentar, muito por culpa da condição de pólos agrícolas que dependiam das oscilações do mercado. Se a soja ia bem, até o sapateiro ia bem. Se a pecuária entrava em declínio, nem o vendedor de pipoca escapava. Era o alto preço da monocultura. Hoje, cidades como Uruguaiana experimentam um reaquecimento da economia em função de sua matriz econômica voltada mais para a exploração de novas modalidades e para os serviços atrelados à estas novas iniciativas do que na dependência dos modelos ultrapassados do mercado agro-pastoril.
Uruguaiana soube fazer o dever de casa, aproveitou os bons ventos do aquecimento econômico nacional e hoje pode se dar ao luxo de trazer as maiores personalidades do carnaval brasileiro. E uma observação: seus hotéis estarão lotados neste final de semana.
No fundo o que registro aqui é uma enorme inveja, claro que no bom sentido. Como eu invejo esta postura uruguaianense, tão positiva, tão afirmativa. É disso que nós falamos quando pregamos o Viamonismo que, como diz um grande amigo, não pode ser confundido com o Capelismo, pois se o primeiro prega que Viamão seja pensado como o centro do universo (megalomania dele), o segundo defende que Viamão é o umbigo do mundo.
E já que estamos entrando em ano de rali eleitoral, fica uma sugestão aos nossos pretendentes aos postos políticos: saiam do lugar comum, do formulismo marqueteiro, banalizável. Foquem suas campanhas em mensagens positivas para nossa cidade. Exaltem nossa capacidade e nossas potencialidades. Façam a diferença.
Pole position
Se confirmarem a decisão de levar o carnaval de Viamão para o Autódromo de Tarumã, já possuímos a fórmula para a ordem dos desfiles. A escola que fizer a volta mais rápida com seu carro alegórico larga na frente. E se chover todas têm que desfilar com pneus de chuva.
Coluna publicada em 1 de março de 2008.

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