domingo, 11 de maio de 2008

Sem título

I
Há várias semanas tenho prometido, a mim mesmo, abordar um assunto que volta e meia circula pelas páginas aqui do Diário. Sei que não vou criar nenhum constrangimento ao meu amigo e colega do jornal, o Daniel, da Editoria de Esportes e acho que até poderemos enriquecer a discussão que tem se levantado sobre o tema.
Inauguramos recentemente o ginásio de esportes, que faz parte do Centro Municipal de Cultura, e muitos têm falado da possibilidade de montarmos uma equipe para disputar ou a Série Ouro/Prata ou a Série Bronze do Campeonato Estadual de Futsal. Fala-se em apoio do empresariado local, da prefeitura, da comunidade, já que agora temos um ginásio à altura da grandeza do município, e por aí vai. A pergunta que faço é simples: será que já estamos prontos pra essa empreitada?
II
Sinceramente acho que não. E eu explico: não que eu não acredite no potencial de nossos homens do esporte. Só acho que isso não pode ser feito da noite pro dia, que tudo se resolve num piscar de olhos. Fazer um time já é difícil, um time vencedor e de alto nível então, nem posso imaginar. Muito se fala na fórmula vencedora da ACBF, de Carlos Barbosa, que tem todo o apoio da prefeitura e etc. Só que esquecemos de ler as entrelinhas desta historia de sucesso. A ACBF foi criada da fusão de dois times em 1976, o River e o Real, e levou quase 30 anos pra se transformar na potência que é hoje. O time que leva o nome da empresa John Deere, de Horizontina, só recebeu este apoio milionário da fábrica de tratores em 2004, quando decidiram investir no Esporte Clube Caipirinha, fundado em 1980. Ou seja, estes dois exemplos mostram que acima de tudo é preciso fazer um trabalho de base e de integração do esporte com a sociedade. Por mais notáveis que sejam nossos torneios municipais, são iniciativas pontuais. Nada além disso.
III
Hoje quando falamos nesta nova oportunidade para o esporte viamonense, muitas vezes esquecemos todo o histórico das iniciativas viamonenses (repito: pontuais). Temos que primeiro vencer esta barreira das diferenças culturais entre o centro e as vilas. E ela existe sim. Seria um erro não reconhecermos esta verdade. Um amigo que cresceu no “centro” dias atrás me disse que sempre ia assistir os jogos de futsal dos times do centro, contra a SOGISI, da Santa Isabel, pois os times que vinham “lá da vila” eram fortes e bons, além da rivalidade, que era contagiante. IV
Outra coisa que pra mim não tem explicação é a localização do Ginásio Municipal. Uma cidade com 1494 quilômetros quadrados foi construir seu centro de cultura sobre o vale natural que abastece o Açude Tarumã. Com tanta área pra construir, canalizaram um “talvegue”. Será que não tinham nenhuma outra opção para o empreendimento? Fica difícil acreditar que aquele espaço possa ser usado por toda a população. Já acompanhei eventos naquele espaço e pude constatar a falta de integração do equipamento com a cidade. Mas isso é outro debate.
V
Voltemos então para o “dream team” do salonismo viamonense. Espero que um dia tenhamos esse time. Claro que sou a favor, só estou querendo entender os mecanismos que usaremos para tornar este sonho realidade. E aí nos perguntamos novamente: qual o modelo que vamos incentivar: o do ginásio municipal, bonitinho, novinho em folha, ou dos núcleos mais tradicionais? Tenho certeza que no Ginásio da Florença dá pra fazer um time de ponta, mas será que toda a cidade se deixaria seduzir por um time que representa uma região da cidade? Sinceramente não tenho uma resposta. Vamos ter que ampliar este debate. Mas se meu conselho vale alguma coisa eu diria para esquecerem os organismos públicos. Não contem com a prefeitura. Nem que ela tivesse (e sabemos que não tem) muito dinheiro pra investir. Vamos deixar esta idéia se desenvolver naturalmente. Tenho certeza que iremos bem mais longe assim.
Coluna publicada em 4 de agosto de 2007.

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