domingo, 11 de maio de 2008

Crises

Já havia concluído a coluna da semana passada quando o DV noticiou o incêndio criminoso de uma casa da Vila Aparecida. Mais que a indignação ao ver mais um crime relacionado à crise das drogas e da violência, a notícia me tocou profundamente por ser uma casa vizinha, bem ao lado daquela onde morei até meus vinte e poucos anos. Ali moravam pessoas que, mais que amigos, eram parte da grande família que nos viu crescer. Ainda moro na mesma rua, mas não mais na Aparecida. Mas o carinho por aquele cantinho de Viamão é muito especial. Como deve ser pra muita gente a sua querência viamonense. Muitos de nós são filhos de outros pagos, mas achamos em Viamão o lugar pra criar raízes e progredir. Por isso me irrita a maneira que alguns políticos locais começam suas intervenções: “eu nasci aqui, cresci aqui, blá, blá, blá...”. O que interessa é a vontade de mudar e o amor por este chão. O resto a gente vê depois.
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Alguns leitores têm criticado o Baú do Paulo Lilja, coluna em que algumas vezes colaboramos. Esses leitores reclamam que muitas fotos têm pouco valor histórico e se concentram na região da Santa Isabel. Primeiro não estamos interessados propriamente no valor histórico, mas sim no registro de uma época, resgatar o comportamento de nossa sociedade, também. Pelo passado recente, temos que concordar que a própria fotografia é um recurso que se popularizou há muito pouco tempo. Então, torna-se muito difícil encontrar boas fotos de períodos anteriores à década de cinqüenta.
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Alguns amigos já denunciaram que cinqüenta anos é um período muito pequeno, que não existe tanta relevância nos fatos. Mas pense bem: 1950, 51, estávamos a cinco anos do final da Grande Guerra, o Brasil iniciava um período de industrialização, o maior estádio do mundo estava sendo inaugurado, e Viamão dava seus primeiros passos para deixar de ser um município essencialmente rural. Algumas pessoas estavam olhando para Viamão e vislumbrando um futuro para suas famílias. Se este futuro foi mal planejado ou teve acidentes de percurso que nos deixaram atrás na corrida em direção ao progresso, aí é outra estória. Mas temos que ver neste movimento a sua marca na história. Adoraríamos mostrar imagens de outras regiões de Viamão, e vamos fazer isso sim, com a ajuda de alguns amigos que tem nos enviado material, colaborando com a coluna.
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Puxa vida! Que semana movimentada para Viamão! Primeiro o drama das famílias retiradas da ocupação da Dicúria. Depois a notícia do Presídio na divisa com Alvorada. “Do limão, uma limonada”, já diziam os mais velhos: quem sabe nossas autoridades não sentam com o Governo Estadual e não propõem outra área. O amigo Jarbas Canabarro, quando perguntei se era contra ou a favor da instalação de um presídio aqui, de bate-pronto respondeu: “sim, mas lá no caminho pra Santo Antônio da Patrulha”. E seu argumento é muito convincente, pois ele sugere que a municipalidade negocie uma estrada que ligaria a região das Lombas e Águas Claras com a BR290, a super-estrada das praias, passando pelo famigerado presídio. Taí uma boa idéia. O que não podemos fazer é fechar as portas pra negociação. Até porque temos que pensar no presídio apenas como um produto. Nada mais que isso. E como qualquer produto, tem que dar lucro.
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Eu tenho uma solução muito boa pra este impasse dos presídios que vai tomar conta da opinião pública viamonense nas próximas semanas. Quer saber qual é? Parodiando um colega colunista viamonense, “não vou contar!”.
Coluna publicada em 20 de outubro de 2007.

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